O texto na carta de convocação era mais ou menos assim:
“Convocamos o Sr.
Leonard Franklin Duckard Jr para se apresentar no próximo dia tal, em tal
local, para etc e tal. “
A carta ainda tinha a delicadeza de me informar o que
ocorreria se não comparecesse, mas peguei e rasguei o envelope com tanta
alegria que nem mesmo li nada disso. Era óbvio que iria. E meu pai ia ver só se
não seria um soldado melhor do que ele tinha sido.
Só falei sobre a carta no jantar. Minha mãe me olhava ansiosamente
(ela havia visto a carta na caixa do correio) mas aguardava para ter certeza. E
e meu pai parecia mais calmo do que jamais tinha sido. Não me olhou nos olhos
nem uma única vez na janta.
Disse em tom solene “Fui Convocado”, e ele “Claro
que foi”, com um orgulho de suas palavras que nunca tinha tido nem mesmo quando
ia bem na escola ou em algum esporte.
Mamãe nunca disse o que pensou na hora, minha irmã achava
que eu tinha ganho algum tipo de bolsa, e meu pai me fez o favor de gosto
duvidoso de, nem então, me falar sobre o
que realmente me esperava.
Não falei nada a
Sandra. Só depois de ter passado no exame e saber o dia de minha partida para treinamento. Ela
chorou, me abraçou e me deu a maior ereção de minha vida. Não trocamos nossas
virgindades (na verdade, ela não deu a sua para mim), mas fomos até mais longe
do que jamais tínhamos ido.
E parti, com promessas decentes de espera, casamento e amor
eterno. Com um pai me olhando como um ser-humano, finalmente, e amigos
divididos entre pena e preocupação e profunda inveja e ansiedade sobre quando
seria a vez deles.
O treinamento durou alguns meses. Aprendi a verdade sobre os
japas. Que eram fracos de cabeça, que não tinham qualquer noção do perigo dos
vermelhos, sobre como se eles caíssem nas mãos dos soviéticos e dos chinas,
algum filho de uma puta poderia, um dia, violentar minha irmã, o discurso de
sempre.
E mesmo sabendo que era um exagero, optamos por acreditar em
cada palavra do Sargento.
Parti em um dia de chuva. Fiz alguns amigos, mas nenhum
deles acabou servindo comigo, então eles que se fodam.
Sandra me escrevia 2 vezes por semana, e quando cheguei em
um dia de chuva em Saigon, nunca imaginei que nos dias seguintes ainda estaria
chovendo.